terça-feira, 30 de outubro de 2012

segunda-feira, 29 de outubro de 2012


Os números gigantescos da vida e da obra de Chico Xavier


Além de eleito “O Maior Brasileiro da História” em promoção realizada em 2006 pela revista Época, o saudoso médium foi escolhido este ano, em competição organizada pelo SBT,
“O Maior Brasileiro de Todos os Tempos”
Chico Xavier foi médium polivalente, ou seja, suas faculdades mediúnicas eram multifacetadas. Dentre elas destaca-se, obviamente, a psicografia, cuja obra engloba diferentes assuntos e abordagens dentro das linhas mestras do Espiritismo e do Evangelho. De fato, mensagens evangélicas, romances, poesias, crônicas, contos, reportagens espirituais e não-espirituais, avaliações históricas, literatura infanto-juvenil, cartas (correio espiritual), entre outras formas, constituem tipos de textos contemplados com copiosa amostragem de exemplos pela obra do médium Francisco de Paula Cândido Xavier.
O número de títulos publicados já atinge mais de 460. De fato, 412 obras do médium de Pedro Leopoldo-MG foram publicadas enquanto o médium estava encarnado, mas as publicações de trabalhos inéditos do médium mineiro após sua desencarnação, há uma década, já somam aproximadamente 50 obras, totalizando mais de 460 livros publicados. Esta obra colossal já vendeu aproximadamente 45 milhões de exemplares, tornando Chico Xavier o escritor mais lido da América Latina. De fato, Chico Xavier é o autor brasileiro de maior sucesso, segundo a revista “Isto é” (Fevereiro de 2010/Edição 2103). Segundo a revista “Isto é”, ele já vendeu quase o dobro dos livros de Paulo Coelho, nossa referência de best-seller literário. Em fevereiro de 2010, portanto, há mais de 2 anos, seus 458 livros (à época) somavam aproximadamente 45 milhões de cópias vendidas, segundo Cesar Perri, diretor da Federação Espírita Brasileira (FEB). “Somente ‘Nosso Lar’ tem 2,5 milhões de edições comercializadas em 15 idiomas”, afirmou, à época, o referido diretor da FEB.
Chico Xavier psicografou sete (7) dos dez (10) melhores livros espíritas do Século XX, conforme pesquisa realizada por órgãos da imprensa espírita (Organizações Candeia), os quais consultaram renomados nomes do movimento espírita nacional para chegarem a essa classificação.
“Parnaso de Além-Túmulo”, de 1932, foi sua primeira obra
O primeiro lugar coube ao livro “Nosso Lar”, ditado pelo Espírito André Luiz (Primeiro lugar: “Nosso Lar”, André Luiz/Chico Xavier; Segundo lugar: “Paulo e Estêvão”, Emmanuel/Chico Xavier; Terceiro lugar: “Parnaso de Além-Túmulo”, Espíritos Diversos/Chico Xavier; Quarto lugar: “O Problema do Ser, do Destino e da Dor”, Léon Denis; Quinto lugar: “Memórias de Um Suicida”, Camilo Castelo Branco/Yvonne A. Pereira; Sexto lugar: “A Caminho da Luz”, Emmanuel/Chico Xavier; Sétimo lugar: “O Espírito e o Tempo”, José Herculano Pires; Oitavo lugar: “Há Dois Mil Anos”, Emmanuel/Chico Xavier; Nono lugar: “Evolução em Dois Mundos”, André Luiz/Chico Xavier-Waldo Vieira; Décimo lugar: “Missionários da Luz”, André Luiz/Chico Xavier).
Apesar da elevação intelectual de sua obra, só estudou, em termos de educação formal, o chamado “primário”, pois teve que trabalhar para ajudar no sustento da família. Tal fato torna o conteúdo moral, a elevação estilística na linguagem e o volume total de sua psicografia ainda mais impressionantes.
“Parnaso de Além-Túmulo” (livro de poesias publicado em 1932), sua primeira obra psicografada, constitui até hoje complexo enigma para estudiosos da literatura de orientação materialista, pois Chico trouxe de volta à crosta grande parte dos grandes nomes da literatura em língua portuguesa, do Brasil e de Portugal (56 poetas desencarnados), através de poesias totalmente inéditas. As poesias demonstram, inequivocamente, o estilo peculiar de cada poeta, o que foi ratificado pela análise de diversos escritores renomados da época, tais como Menotti del Picchia e Humberto de Campos.
Conforme registro no site da União Espírita Mineira (UEM), o qual foi obtido com o confrade Zenon Vilela, Chico Xavier psicografou algumas obras em tempo recorde, a saber:
Em 1952, Chico psicografou 2 livros em 2 dias: “Roteiro” de Emmanuel (172 páginas) e “Pai Nosso” de Meimei (104 páginas).
Em 1963, Chico psicografou 2 livros em 2 dias (neste caso, metades das obras, uma vez que são obras psicografadas por Chico Xavier e Waldo Vieira): Opinião Espírita (obra que contempla 204 páginas no total); e Sexo e Destino (obra que contempla 360 páginas no total).
“Há Dois Mil Anos” foi seu primeiro romance mediúnico
Em 31 de Março de 1969, data comemorativa do centenário da desencarnação de Allan Kardec, Chico psicografou 2 livros no mesmo dia: “Passos da Vida” (156 páginas) e “Estante da Vida” (184 páginas).
Seu primeiro romance mediúnico “Há Dois Mil Anos” foi psicografado no curto espaço de tempo que vai de 24/10/1938 a 9/2/1939 (aproximadamente 3 meses e meio), nos intervalos de suas atividades profissionais. Tal psicografia chama a atenção, pois a chamada “cronologia romana” foi reconhecida como autêntica por especialistas do assunto.
Fomentou direta e indiretamente um número colossal de outras obras de conteúdo evangélico-doutrinário de outros autores espíritas e não-espíritas, os quais se apoiaram em orientações, experiências mediúnicas, experiências vivenciais, dissertações evangélico-doutrinárias e trabalhos específicos dentro do movimento espírita narrados e vividos por Chico Xavier. Somente de livros biográficos publicados inspirados na vida de Chico Xavier temos um número superior a cem (100) obras.
Participou da direção e orientação doutrinária de um grande número de casas espíritas em Pedro Leopoldo e em Uberaba, com destaque para o Centro Espírita Luiz Gonzaga (Pedro Leopoldo-MG), a Comunhão Espírita Cristã (Uberaba-MG) e o Grupo Espírita da Prece (Pedro Leopoldo).
Foi médium psicofônico em um número incontável de reuniões de desobsessão, nas quais foi instrumento da doutrinação evangélico-doutrinária de um grande número de Espíritos sofredores.
Foi médium de materialização e participante de reuniões de materialização, nas quais fenômenos extraordinários foram verificados por diversos indivíduos idôneos espíritas e não-espíritas.
Foi médium de um número incontável de mensagens de Espíritos que, ao morrerem, deixaram suas famílias desesperadas, tornando-se um veículo de confirmação de imortalidade, conforto e esperança para milhares de famílias. De fato, o chamado “Correio de luz”, tarefa de difícil execução por constituir uma espécie de reunião mediúnica de certa forma pública, causava um grande desgaste físico ao médium, sem prejuízo qualquer à psicografia dos livros propriamente ditos, os quais eram feitos em horários alternativos.
Chico Xavier jamais extraiu vantagens de suas obras
O chamado “Correio de Luz” era desenvolvido com Chico Xavier rodeado por 400 a 500 pessoas em média, o que deu inúmeras evidências de autenticidade das comunicações mediúnicas, incluindo até mesmo estudos grafoscópicos das assinaturas dos “mortos”.
Jamais recebeu qualquer recurso financeiro oriundo dos 412 livros psicografados em vida, tornando-se um incomparável exemplo da prática da mediunidade gratuita, ou seja, da mediunidade verdadeiramente espírita. Todos os direitos autorais foram doados para obras de caridade, as quais contribuíram e continuam contribuindo para a manutenção de obras de amor aos mais necessitados.
A excelência mediúnica jamais foi obstáculo ao cumprimento fiel de suas atividades de trabalho material, no qual consta que foi um extraordinário cumpridor de seus deveres. De fato, segundo vários biógrafos, Chico jamais teria faltado a nem mesmo um único dia de trabalho.
Em estudo desenvolvido por especialistas da área médica e das ciências naturais, foi constatado que Chico Xavier apresentava um eletroencefalograma correspondente ao perfil apresentado na epilepsia, sendo que jamais, em seus 92 anos de vida, o médium tenha apresentado qualquer sintoma dessa enfermidade. Este fato, que ainda é referência para estudos vigentes sobre o fenômeno mediúnico, denota que de forma nenhuma o médium estava “fingindo” o fenômeno, ou seja, o chamado “estado alterado de consciência” era legítimo. De fato, seria impossível a elaboração de qualquer obra intelectual, ainda mais da grandiosidade da obra de Chico Xavier, passando por um surto epiléptico.
Apoiou e orientou um enorme número de médiuns, oradores, escritores e dirigentes espíritas em suas respectivas atividades doutrinárias, seja através do diálogo fraterno, seja por meio de cartas, sendo uma referência e um orientador indireto de um grande número de casas espíritas brasileiras.
Despertou e inspirou diversas pessoas a estudarem, aderirem e trabalharem no Espiritismo, devido à excelência de sua obra, do ponto de vista intelecto-moral, associada igualmente à excelência moral de sua vida.
Apesar de pobre, foi o arrimo da família
Superou preconceitos sectários de religiosos, cientistas e materialistas, inspirando o respeito de religiosos de outras denominações em relação a ele próprio, à mediunidade e à Doutrina Espírita, contribuindo decisivamente para a diminuição do preconceito contra o Espiritismo em nossa sociedade.
Foi ofendido, caluniado, processado e agredido fisicamente incontáveis vezes, sem jamais manifestar qualquer iniciativa de reação violenta contra tais atitudes, denotando uma paciência e uma disciplina moral, ante todo o tipo de pressão, que são raríssimas em toda a história da humanidade, mesmo para indivíduos que são referências de verdadeira santidade comportamental.
Contribuiu com a caridade material, auxiliando grande número de indivíduos necessitados em Pedro Leopoldo e Uberaba, seja através do trabalho de assistência e promoção social espírita das entidades a que estava vinculado, seja através de seu esforço pessoal. Vale lembrar que, em registro de Jorge Rizzini, o qual foi ao ar em uma das edições do “Globo Repórter”, filas de mais de 4 quilômetros eram formadas por ocasião do Natal em Uberaba, quando um número incontável de necessitados eram assistidos.
Manteve altíssimo nível profissional em suas atividades associadas ao “pão material”, sem nenhum prejuízo para suas atividades mediúnico-evangélico-doutrinárias, assim como a excelência mediúnica jamais foi obstáculo ao cumprimento fiel de suas atividades de trabalho material.
Foi referência de educação e cidadania para espíritas e não-espíritas em Pedro Leopoldo e Uberaba, cidades mineiras em que ele viveu, respectivamente, 48 e 44 anos, aproximadamente.
Chico Xavier foi arrimo de sua família, tendo ao todo 14 irmãos, oito (8) deles fruto do casamento de seu pai, Sr. João Xavier, com sua mãe, Dona Maria João de Deus, sendo que dos nove filhos – Maria Cândida, Luiza, Carmosina, José, Maria de Lourdes, Chico Xavier, Raimundo, Maria da Conceição e Geralda – seis, incluindo o Chico, foram entregues a padrinhos e amigos. Vale ressaltar que Chico sofreu muito nessa fase de sua vida, pois foi entregue à sua madrinha Rita de Cássia, que era uma mulher desequilibrada, que costumava aplicar em torno de três (3) surras diárias nele, além de submetê-lo a situações humilhantes.
O povo do Brasil o elegeu o maior brasileiro da história
Essa fase durou aproximadamente dois (2) anos. Os outros seis (6) irmãos foram fruto do segundo casamento de seu pai, que, após a morte de Dona Maria João de Deus, consorciou-se com Dona Cidália Batista. Os seis novos irmãos – André Luiz, Lucília, Neusa, Cidália, Doralice e João Cândido – proporcionaram a Chico Xavier um número enorme de sobrinhos. Chico auxiliou a todos material e espiritualmente, sendo fundamental para a manutenção material da família, incluindo a criação dos sobrinhos, principalmente depois da morte prematura de seu irmão mais velho, José Xavier, e da enfermidade reumática de seu pai, João Xavier.
Tendo nascido em 2 de abril de 1910 em família pobre, sofreu com muitas dificuldades para manter todo o trabalho de caridade material, que foi uma constante em sua vida de 92 anos de esforços. Como todos sabem, ele desencarnou em 30/6/2002.
Dormia em média apenas 4 horas por dia para conseguir concluir todo o trabalho material e todo o trabalho espírita/espiritual que constituíam as aproximadamente 20 horas restantes em cada um dos sete dias da semana, sem interrupções.
Sofreu com diversos problemas de saúde durante toda a existência, tais como tuberculose, catarata, infarto do miocárdio, angina pectoris, hiperplasia prostática, um olho praticamente cego etc., sem jamais alegar indisposição física ou impedimento material para o cumprimento de sua tarefa.
Adotou, criou e educou como filho Eurípedes Higino dos Reis, que se formou odontólogo em Uberaba-MG.
Foi indicado para o Prêmio Nobel da Paz no início da década de oitenta (80) em uma campanha que mobilizou grandes nomes da cultura do país. Foi eleito “O Mineiro do Século”, por promoção da Telemar e da Rede Globo Minas. Por meio de eleição organizada pelos auditores independentes da Receita Federal foi considerado uma das oito (8) mais importantes figuras mundiais ao lado de Madre Tereza de Calcutá, Mandela, Sabin, Carlitos, Santos Dumont, Gandhi e Che Guevara. Foi eleito “O Maior Brasileiro da História” em promoção organizada pela Revista Época em 2006 e, no dia 3 de outubro deste ano, foi o grande vencedor da competição organizada pelo SBT que o consagrou como “O Maior Brasileiro de Todos os Tempos”.
Por:
LEONARDO MARMO MOREIRA
leonardomarmo
São João Del Rei, MG (Brasil)
Fonte:

LIÇÃO DE MARIA JOÃO DE DEUS

Chico contava que, numa das vezes em que o espírito de sua mãe lhe apareceu, revelou a ele que estava aprendendo línguas no Mundo Espiritual, para que, quando reencarnasse, encontrasse maior facilidade no aprendizado de idiomas...
A lição, aparentemente singela, encerra profundos ensinamentos a encarnados e a desencarnados:
1º - dentro da Vida que é única, mostra a integração existente entre os Dois Planos em que ela se manifesta.
2º - esteja na Terra ou no Além, ninguém deve se imaginar “fora de tempo” para adquirir Conhecimento.
3º - para onde for, o espírito leva sempre consigo a bagagem intelecto-moral amealhada.
Portanto, em sã consciência, dentro da visão imortalista, o homem encarnado, ou desencarnado, não deve se considerar inapto para dar início a determinados empreendimentos que concorram para a sua evolução.
Equivocam-se os que alegam:
- Estou muito velho para voltar a estudar...
- Deixarei para começar na outra encarnação...
- Espero por condições que me sejam mais favoráveis...
- Agora, não dá mais...
- Não tenho como efetuar as mudanças que desejo...
Claro está que estamos nos referindo única e tão somente a todo e qualquer esforço que objetiva o crescimento do espírito.
Não nos esqueçamos de que Allan Kardec, sem saber disto, preparou-se para a tarefa a que deu início quando já contava com meio século de vida...
O próprio Cristo esperou trinta anos para descerrar o advento da Boa Nova em favor da Humanidade...
Em qualquer tempo que sejam plantadas, as sementes florescem e frutificam!
Maria João de Deus, segundo a palavra de Chico, estava semeando no Plano Espiritual para colher sobre a Terra, não obstante, são muitos os que semeiam sobre a Terra para colher no Mundo Espiritual!
Ninguém deve se afligir pela colheita, mas sim pela semeadura.
Sob esta lógica, ainda que, de um dos Dois Lados da Vida, estejamos vivenciando os nossos últimos momentos, prestes a desencarnar ou a reencarnar, não continuemos a desperdiçar tempo ante o aprendizado que nos compete realizar, que, quanto mais cedo for efetuado, mais depressa nos cumulará com as suas bênçãos, fazendo-se-nos alicerce para mais amplas e enriquecedoras conquistas ao espírito.

INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG, 27 de agosto de 2012.


 APRENDENDO A PENSAR COM O ESPIRITISMO

O Espiritismo, sem dúvida, é a doutrina que nos ensina a pensar, e mais: é a doutrina que nos possibilita o livre pensar!
Saber falar, o homem já sabe desde muito; saber escrever, não faz tanto tempo assim – por exemplo, a luta contra o analfabetismo no Brasil continua... Saber pensar, porém, é aprendizado de hoje, para não dizer de agora!...
Até bem pouco, principalmente no campo da crença religiosa, o homem recebia o alimento intelectual que os teólogos mastigavam e lhe vomitavam aos ouvidos...
Aliás, pensar além do que fosse permitido, costumava acabar em masmorra ou fogueira...
O Espiritismo significou, e significa, a libertação do pensamento humano! Ninguém comparece a uma casa espírita apenas para receber o passe, tomar a água fluidificada, fazer as suas orações... O que os frequentadores, em geral, costumam ouvir numa casa espírita lhes soa como sendo grande novidade – e isto desde muitas existências! Eis, talvez, o maior contributo de Allan Kardec para a Humanidade: quebrar as correntes da ortodoxia e do fanatismo religiosos!...
A assembléia de uma casa espírita é o retrato da Humanidade acordando de profundo processo letárgico: alguns estranham o ambiente em que se encontram – examinam até as paredes; outros, ainda sonolentos, bocejam durante a reunião; outros mais, logrando ouvir apenas parte do discurso, quase às tontas, contestam o discurso inteiro...
Em sua ignorância praticamente absoluta, muitos querem que o Espiritismo lhes forneça respostas definitivas a todos os seus questionamentos: querem saber da essência de Deus, sobre a criação do espírito, como é a vida, em toda a sua amplitude, além da morte do corpo...
Emmanuel, no livro que leva o seu nome, falando sobre os animais, ao refletir sobre a evolução do princípio anímico, escreveu com transparência, no capítulo XVII: “Os desencarnados de minha esfera não se acham indenes, por enquanto, do socorro das hipóteses. A única certeza obtida é a da imortalidade da vida e, como não é possível observar a essência da sabedoria, sem iniciativas individuais e sem ardorosos trabalhos, discutimos e estudamos as nobres questões que, na Terra, preocupavam o nosso pensamento.” (destaquei)
Ora, se os espíritos da esfera de Emmanuel, ou seja, de superior hierarquia, discutem e estudam em torno das questões de maior transcendência da Vida, por que, na busca incessante da Verdade, haveríamos de nos calar, ou consentir que se nos castrasse a faculdade de pensar?!
O verdadeiro inimigo da Doutrina, pois, é o teólogo que, noutra roupagem física, ainda não perdeu o hábito de ruminar e, de envolto à sua baba sectária, vomitar o alimento que nem ele próprio consegue engolir...
Chega! À luz da Fé Raciocinada, ruminemos nós mesmos o nosso próprio alimento, não consentindo que fulano ou beltrano, porque, na condição de médium ou de articulista, seja portador desse ou daquele esfarrapado currículo doutrinário, faça de nossos ouvidos a sua lata de lixo!...

INÁCIO FERREIRA 
Uberaba – MG, 24 de setembro de 2012.
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A “PARTÍCULA DE DEUS” E OUTRAS BOLINHAS DE GUDE...

Não resta dúvida de que é muita pretensão denominar-se de “partícula de Deus” ao Bóson de Higgs, cuja existência havia sido prevista desde 1964, pelo físico britânico Peter Higgs.
Quando encarnado, eu era do tempo em que aprendíamos na escola que o átomo seria indivisível, e, provavelmente, entre vocês que ainda se encontram no corpo carnal, haja um remanescente deste equivocado conceito que subsistiu até o final do século XIX.
Antes, porém, em “O Livro dos Espíritos”, obra básica da Doutrina Espírita, lançada a 18 de abril de 1857, os Espíritos haviam afiançado a Kardec que a matéria existe em estados desconhecidos pelo homem...
Na questão 22 do referido livro, o Codificador inquiriu: - Define-se geralmente a matéria: aquilo que tem extensão; pode impressionar os nossos sentidos; que é impenetrável. Essas definições são exatas? A resposta, como não poderia deixar de ser, foi notável antecipação científica: - “Do vosso ponto de vista, são exatas, porque não falais senão daquilo que conheceis. Mas a matéria existe em estados que não conheceis. Ela pode ser, por exemplo, tão etérea e sutil, que não produza nenhuma impressão nos vossos sentidos; entretanto, será sempre matéria, embora não o seja para vós”. (destaquei)
Vejam: pode não ser mais matéria para vocês, que prosseguem nos domínios da matéria grosseira, mas para nós, os desencarnados, a matéria, por mais sutil, não deixa de ser matéria!
Diante disto, sinceramente, eu não sei como ainda existem aqueles que continuam afirmando que a cidade de “Nosso Lar”, por exemplo, é mera criação mental...
Na obra “No Mundo Maior”, André Luiz, no capítulo 4, em conversa com o Instrutor Calderaro, ouve dele a seguinte afirmativa: “... o espírito mais sábio não se animaria a localizar, com afirmações dogmáticas, o ponto onde termina a matéria e começa o espírito”!
Em outras palavras reconheço talvez de maneira um tanto temerária, que Calderaro nos induz a pensar que, no princípio de tudo, espírito e matéria se confundem – não nos esqueçamos de que os Espíritos Superiores, inclusive, admitem que a evolução do princípio inteligente tenha por berço o reino mineral!
Todavia, não é este o objeto de nossas reflexões neste arrazoado, em torno do qual, mais tarde, voltaremos a dialogar. O que agora pretendemos destacar é que, a pouco e pouco, a Ciência, antes inteiramente materialista, caminha para a descoberta do Mundo Espiritual!
Emmanuel, em brilhante prefácio ao livro “Nos Domínios da Mediunidade”, escreveu que “químicos e físicos, geômetras e matemáticos, erguidos à condição de investigadores da verdade, são hoje, sem o desejarem, sacerdotes do espírito, porque, como consequência de seus porfiados estudos, o materialismo e o ateísmo serão compelidos a desaparecer, por falta de matéria, a base que lhes assegurava as especulações negativistas”.
É isto aí: o Bóson de Higgs ainda está muito longe de ser o último reduto da matéria e, muito menos, a denominada “partícula de Deus”, porque quando a matéria se lhe desfizer inteiramente diante dos olhos e de seus aparelhos eletrônicos ultrassofisticados, o homem apenas terá se deparado com os limites do Universo considerado físico, dando espetacular “salto quântico” para os domínios de mais uma das infinitas moradas da Casa do Pai!
A “partícula de Deus”, portanto, não passa apenas e tão somente da singela “partícula de Higgs”, o cientista que ousou afirmar que existem outras bolinhas de gude além daquelas que se encontram reunidas em seu pequeno embornal de criança!...

INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG, 1º de outubro de 2012.

MATILDE E GREGÓRIO
Muitas vezes, nós nos inquietamos pelos afetos queridos que, refratários aos nossos bons conselhos, afastam-se do caminho do Bem. E, por eles, mesmo depois de desencarnados, costumamos nos afligir, ignorando a realidade que todos somos filhos de Deus, que, em respeito ao nosso livre arbítrio, nos permite palmilhar as estradas mais equivocadas.
Deveríamos, dos Dois Lados da Vida, termos mais na lembrança as sábias palavras do Cristo, quando perguntou aos Apóstolos em tom de advertência: - “Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?”
Naturalmente que, ao longo dos séculos e dos milênios, o verdadeiro amor nunca olvida aqueles que se constituem em objeto de seus cuidados, embora nem sempre eles consigam, de imediato, corresponder às expectativas do amor com que são amados.
Semelhantes reflexões nos ocorrem a propósito do drama que André Luiz, no seu magistral “Libertação”, descreve envolvendo Matilde e Gregório.
Gregório, conforme se sabe, de 1227 a 1241, foi o Papa Gregório IX, o organizador da Inquisição Pontifícia. E, por estranha ironia, chegou a ser amigo de Francisco de Assis, apoiando a fundação da Ordem dos Franciscanos.
Pelas palavras de André Luiz, escritas em 1949, tudo nos leva a crer que Gregório, desde quando desencarnou, há mais de setecentos anos, não mais voltara a Terra, permanecendo todo este tempo nas regiões inferiores do Mundo Espiritual.
Por favor, leitor, você confira nas páginas da citada obra o que estamos dizendo.
À época em que Gregório foi Papa, Matilde fora sua mãe e, com certeza, quem lhe incentivara a vocação religiosa, na qual, infelizmente, acabou se comprometendo tão gravemente.
_Como pudeste esquecer !– ela lhe disse em inusitado encontro nas Trevas – por alguns dias de autoridade efêmera na Terra, as nossas redentoras visões do Cristo angustiado na cruz? Aderiste aos Dragões do Mal pela simples verificação de que a tiara passageira não te poderia aureolar a cabeça nos domínios da vida eterna a que a morte nos arrebatou: entretanto, o Divino Amigo jamais descreu das nossas promessas de serviço e espera por nós com a mesma abnegação do princípio. Vamos! Sou Matilde, alma de tua alma, que, um dia, te adotou por filho querido e a quem amaste como dedicada mãe espiritual.
Sete séculos foram necessários para que Matilde encontrasse ocasião de, outra vez, tocar o coração de Gregório, a fim de que pudesse ter início o processo de sua redenção espiritual.
O embate que se travou nas Trevas, cujas cenas são descritas por André Luiz de maneira magistral, digna de uma película cinematográfica, foi emocionante. – Verificara-se, ali – registrou o autor –, naquele abraço, espantoso choque entre a luz e a treva, e a treva não resistiu...
Deduz-se que, naquele momento, Gregório simplesmente desencarna de novo, e, então, nos braços de Matilde, um espírito de elevada hierarquia, é conduzido a ser hospitalizado em alguma Instituição nas proximidades, que passaria a cuidar de seu necessário regresso a Terra.
Conforme sugerimos, leia a obra e, depois, a gente conversa mais sobre o assunto.

INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG, 8 de outubro de 2012.

domingo, 28 de outubro de 2012


DEPOIMENTOS DE SUICIDAS MESMO DESILUDIDOS, É PRECISO VIVER NO HOSPITAL DE MARIA, NO PLANO ESPIRITUAL
Não existe olhar mais tristonho que o de remorsos, e por ali era só o que víamos. Aproximei-me de uma jovem que se havia atirado do alto de um edifício. Ela caminhava devagar; observando-a, pareceu-me estranha: era como se ela fosse de porcelana e houvesse trincado. Nas partes em que sofrera fratura no corpo físico, apresentava ainda dificuldade de movimentos.
Sorri. Meio envergonhado, retribuiu-me o sorriso, iniciando a conversação:
- És suicida?
- Não, não sou. Aqui me encontro em estudo.
Com triste expressão, falou:
- Deve ser muito bom vir até aqui na condição de estudante.
- Por que se suicidou?
- Fui abandonada pelo namorado e julguei que sem ele não suportaria viver.
- Irmã, há quanto tempo isso aconteceu?
- Há dez anos. O remorso me corrói o espírito. Muitas vezes me apalpo, procurando em mim algo que possa interromper a vida. Parece-me que desde aquele terrível dia jamais minha mente cessou de trabalhar; é um desespero constante. Por mais que eu receba ajuda, sinto-me consciente a cada momento do meu gesto impensado. Como é mesmo o teu nome?
- Luiz Sérgio falei, estendendo minha mão em sinal de sincera amizade.
- Luiz Sérgio, não sei por que não existe na Terra campanhas de esclarecimento sobre o suicídio.
Fala-se tanto em aborto, em assassinato, em furto, mas ninguém se lembra de alertar sobre o pior dos crimes. Vamos até o jardim, sinto-me ainda muito cansada, lá saberás tudo.
Bem alojados sob um belo caramanchão florido, esperei pacientemente que ela iniciasse o relato:
- Tinha eu quinze anos quando conheci Alexandre. Foi amor à primeira vista: apaixonamo-nos, um pelo outro. Inebriante, entregamos-nos intimamente e, quando percebi, eu não era mais a querida namorada e sim a mulher da qual ele vinha se cansando. Fui ficando ciumenta, desesperada, insegura, e as minhas reclamações o cansavam cada vez mais. Um dia ameacei-o de contar tudo a meu pai. Olhando- me firmemente, redarguiu: Não foste forte e cuca livre para assumir um caso? Então, tem agora dignidade pra compreender que tudo acabou. Foi belo enquanto durou. Nem podes, Luiz, imaginar o que me aconteceu.
Ele tinha razão: eu não estava preparada para uma entrega tão íntima. Qualquer mulher, quando chega a uma situação como essa, precisa estar despojada de preconceitos e eu sempre sonhara entrar de braços dados com meu pai em uma igreja florida e o meu príncipe me esperando no altar com o olhar de homem apaixonado.
- Então, por que você iniciou essa aventura?
- Paixão e falta de coragem para negar.
- Mas hoje, Lucy, as menininhas estão indo nessa e, muitas se casando apenas por casar. Nem sempre a orientação sobre liberdade é a correta e assim vários jovens estão se vendo presos em uma rede de remorsos. Mas e depois? Conte minha irmã, eu a interrompi.
- Alexandre começou a me evitar. Bastava eu chegar onde ele estivesse, para que se retirasse. Um dia fui procurá-lo em sua casa e lá encontrei uma jovem de minha idade, que me foi apresentada como sua noiva. Abafei um grito em meu peito, tal a minha dor. Quando de lá saí, só desejava morrer. Chegando a casa, tomei a decisão e saltei, à procura da morte. Mas ela não existe e me vi estirada, toda moída, lá no asfalto. Perdi a noção do tempo; lembro-me apenas que uma velhinha sempre ficava ao meu lado, dando-me forca através da prece: era minha avozinha. Muitas vezes desejei levantar, mas podes imaginar alguém todo quebrado? Assim era a minha realidade. Pensei demais, ate que um dia minha avó ajudou-me a me erguer e, com dificuldade, conseguimos dali sair, chegando até um centro espírita. Graças às preces aos suicidas, recebemos um cartão que nos permitia um tratamento na própria casa. O meu sofrimento só cessaria quando eu tivesse setenta e cinco anos, época em que estava programado o meu desencarne natural.
- Irmã, por que tudo isso? Temos presenciado suicidas já conscientes, que não padeceram tanto.
- Luiz, muitos aprenderam a desencarnar, e depois, cada caso é um caso.
- E daí, Lucy? Pode continuar...
- Sim, faz-me muito bem recordar, principalmente os tratamentos nos grupos especializados. Ah, isso é ótimo! Gostaria de relatar. Éramos levados até o grupo mediúnico, pois que internados nos encontrávamos naquele Centro. Quando entrávamos na sala, muitos sentiam o odor forte, nós, principalmente, éramos atormentados com o cheiro dos nossos próprios corpos putrificados e, muitas vezes, tínhamos a impressão de que os vermes nos corroíam. O grupo mediúnico que prestava auxilio era composto de pessoas muito equilibradas, já que nós nos perdêramos por fraqueza. Não podes imaginar o alivio que experimentava o espírito de um suicida ao contato com um médium amoroso. Quando o mentor nos aproximava do médium, era como se o nosso espírito adormecesse, anestesiado pelos fluídos bons do encarnado, afastando-se de nós aquela desagradável sensação que vínhamos experimentando desde o instante do ato impensado. Muitos choravam quando eram retirados de juntos do médium; era como se nos tirassem o oxigênio. Luiz Sérgio existe tão poucos grupos que prestam ajuda aos suicidas! Para esses grupos, não são necessários médiuns de psicofonia, pois muitas vezes o suicida não deseja falar, almeja, apenas, deixar de sentir o desespero. Enganam-se aqueles que organizam grupo de auxilio ao suicida, somente com os chamados médiuns de incorporação. Os encarregados devem aproveitar aqueles que são ótimos auxiliares do Cristo, mas ainda esquecidos na Doutrina os médiuns doadores. Só o contato do doente com um médium equilibrado já o beneficia. E ali, Luiz Sérgio, permaneci muitos meses, até que um dia fui trazida até aqui, onde já me sinto curada. Sei, entretanto, que levarei de volta, quando reencarnar, um corpo doente, porque eu mesma o destruí e só o meu coração regenerado poderá curar-me.
Esforçava-se para não chorar. Segurei a mão de Lucy e, com os olhos orvalhados de lágrimas, falei-lhe:
- Minha querida irmã, jamais a esquecerei; sempre que eu puder, virei revê-la. Você representa também para mim uma mão estendida. Mão esta que precisou ser marcada pela dor, para voltar à vida.
- Obrigada, Luiz Sérgio, fico contente por ter-te conhecido. És muito bacana; a tua alegria me fez lembrar o passado, quando eu sonhava em ser feliz.
- Sonhava não, Lucy, sonha, porque como diz Ocaj: Não assassinemos as nossas realidades para não distanciarmos nossos sonhos.
Ela me fitou e pela primeira vez vi a esperança naqueles belos olhos azuis. Apertando bem forte sua mão, despedi-me. Caminhei, pensando: Deus, como sois poderoso em tão bem nos compreender. Se hoje nada desejamos, amanhã, em busca de algo nos encontraremos e assim, Pai, ides compreendendo as nossas fraquezas e não nos ofertando por ofertar e sim, quando , quando já adultos, soubermos o que desejamos. Hoje, Senhor, peço-Vos por todos aqueles que vivem duras e cruéis realidades e estão em vias de deixar tudo para trás através do suicídio. Fortalecei, Senhor, os Seus protetores para que possam segurar bem firme essas almas em desespero.
Que estas linhas possam chegar às mãos de todos aqueles que desesperados se encontram e que eles saibam que deste lado do horizonte existe alguém que todos os dias pede a Deus muita paz e muito amor para todos os seus irmãos.
Eu amos todos vocês, meus queridos amigos.
Mãos Estendidas Luiz Sérgio cap. V pág. 29

Como Criar um Delinquente




Água Irradiada para os Irmãos Animais
Ainda existe certa resistência quando se fala em passes para animais ou irradiação da água para estes irmãos, mas tudo é simples quando visto a luz da própria Doutrina. Porém a dúvida sempre persiste: Água fluidificada ou água irradiada?
A resposta também é simples: Para seres humanos água fluidificada, para animais água irradiada.
Mas há diferença?
Sim, e muita!!
Iniciemos com uma importante frase de Bezerra de Menezes, do livro Loucura e Obsessão -As Consultas-, quando ele coloca que: “A água, em face da constituição molecular, é elemento que absorve e conduz a bioenergia que lhe é ministrada”.
Ou seja, a fluidificação da água é aquela em que fluídos vitais necessários à cura do Espírito são colocados e agem como medicamentos no corpo astral, já que nos seres humanos, devido à lei de Causa e Efeito, a doença se inicia no Espírito e posteriormente surge no corpo físico. Nos animais o processo da doença não é o mesmo ela se inicia no corpo físico, na maioria das vezes as doenças surgem mais por culpa, se podemos assim colocar, do tutor do que propriamente pela necessidade do tutelado, pois que os animais não estão sujeitos a lei de Causa e Efeito, portanto é necessário que a água aja não no corpo espiritual e sim no corpo material que absorve o magnetismo negativo que muitas vezes provêm dos tutores, por isso a necessidade de se atentar a grande responsabilidade que os tutores têm por seus tutelados.
Nos dois casos o processo de mudança ocorre através da prece e do auxílio dos benfeitores espirituais, tanto para irradiá-las quanto para fluidificá-las. Assim, diferentemente da água fluidificada onde os fluidos medicamentosos agem no Espírito a água irradiada é, em suas moléculas, acrescida de componentes magnéticos mais materiais, que irão criar uma condição diferente para a melhora da saúde física dos animais, já que, tal como ocorre no passe, muito embora a matéria destes irmãos assemelhe-se a nossa, a energia que a reveste bem como suas necessidades materiais e espirituais são diferentes das dos seres humanos, mas ambas possuem a mesma finalidade, a qual foi bem definida por André Luiz, quando se refere a cura: "[...] precioso esforço de medicação pode ser levado a efeito.
“Há lesões e deficiências no veículo espiritual a se estamparem no corpo físico, que somente a intervenção magnética consegue aliviar, até que os interessados se disponham à própria cura".
No caso dos animais, onde a doença existe no corpo material, esses componentes da água irradiada irão criar uma aglutinação nas células desses irmãos, fortalecendo-as assim como a seus órgãos afetados, possibilitando que o tratamento recebido pelos veterinários da Terra surtam um  efeito mais positivo , pois a irradiação da água vem para unificar esses tratamentos e harmonizar o sistema nervoso central de nossos irmãos.
Ao contrário da água fluidificada, a qual sempre se pode adicionar mais água e o efeito será o mesmo, a adição de mais água, no caso da irradiada, não permitirá que o mesmo efeito ocorra, exatamente por se tratar mais da parte material que espiritual, assim, a adição de água acaba por enfraquecer, diminuindo a quantidade de componentes que iriam agir na matéria.
Uma questão que pode surgir ainda é: pode-se irradiar a água em casa ou em clínicas veterinárias para fortalecer assim o campo magnético do animal assistido? Sim, tal como é possível fluidificar a água durante o Evangelho no Lar, é possível também irradiar a água que será ministrada aos irmãos menores animais, basta para isso a utilização de um recurso simples, o recurso da prece e da comunhão de pensamentos com os irmãos zoófilos que irão transformar nosso magnetismo, tal como no passe, para a energia necessária a esses irmãos. A água é um recurso necessário tanto para os animais humanos, quanto para os animais não humanos, tal como diz Allan Kardec ao se referir à água em seu livro A Gênese: “[...] as mais insignificantes substâncias, como a água, por exemplo, podem adquirir qualidades poderosas e efetivas, sob a ação do fluido espiritual ou magnético, ao qual elas servem de veículo, ou, se quiserem, de reservatório.”
Sendo assim, a irradiação da água para os irmãos menores animais, bem como a fluidificação da água para os seres humanos, ou animais humanos, serve como veículo, ou ainda como coloca o próprio Kardec “como reservatório de poderosos componentes que irão agir no organismo de cada um”, transformando-se num poderoso recurso para as necessidades e desequilíbrios que causamos a nossos pequemos irmãos .

Redação do Informativo Irmãos Menores Animais

Nota:
Recolhi esse texto na internet e o achei absolutamente importante para se colocar na mesa de discussões dos espíritas. Afinal de contas se estamos num mundo onde não somos as únicas criaturas existentes e os animais fazem parte das nossas vidas e de forma tão abrangente porque não se pensar neles também como necessitados dos nossos cuidados também dentro daquilo que  a Doutrina nos ensina?
Vamos iniciar uma discussão através dos e-mails?  Inclusive com mais material e mais atenção àqueles que estão ao nosso redor e não têm a voz que nós temos em sua própria defesa?

Antonio Celso


Emissário espiritual de Esferas Superiores
Decorreram minutos sem que os demais utilizassem a palavra. Fazendo menção de despedir-se, o sublime visitante comentou afável:
— À medida que nos integramos nas próprias responsabilidades, compreendemos que a sugestão direta nas dificuldades e realizações do caminho deve ser procurada com o Supremo Orientador da Terra. Cada Espírito, herdeiro e filho do Pai Altíssimo, é um mundo por si, com as suas leis e características próprias. Apenas o Mestre tem bastante poder para traçar diretrizes individuais aos discípulos.
Logo após, abençoou-nos, carinhoso, desejando-nos bom ânimo.
Reconfortados e felizes, vimos o mensageiro afastar-se, deixando-nos envoltos numa onda de olente e inexplicável perfume.
Ambos os auxiliares, que se mantinham a postos, retiraram as mãos do gabinete e, depois de várias operações magnéticas efetuadas por eles, desapareceu a pintura mental, voltando a peça de cristal ao aspecto primitivo.
Tornando à conversação livre, indagações enormes oprimiam-me o cérebro. Não me contive. Com a permissão de Jerônimo e liderando companheiros tão curiosos e pesquisadores quanto eu mesmo, acerquei-me de Cornélio e despejei-lhe aos ouvidos grande cópia de interrogações. Acolheu-me, benévolo, e informou:
— Pertence Asclépios a comunidades redimidas do Plano dos Imortais, nas regiões mais elevadas da zona espiritual da Terra. Vive muito acima de nossas noções de forma, em condições inapreciáveis à nossa atual conceituação da vida.
Já perdeu todo contacto direto com a Crosta Terrestre e só poderia fazer-se sentir, por lá, através de enviados e missionários de grande poder. Apreciável é o sacrifício dele, vindo até nós, embora a melhoria de nossa posição, em relação aos homens encarnados. Vem aqui raramente. Não obstante, algumas vezes, outros mentores da mesma categoria visitam-nos por piedade fraternal.
— Não poderíamos, por nossa vez, demandar o plano de Asclépios, a fim de conhecer-lhe a grandeza e sublimidade? — perguntei.
— Muitos companheiros nossos — assegurou-nos o Instrutor —, por merecimentos naturais no trabalho, alcançam admiráveis prêmios de viagens, não só às esferas superiores do Planeta que nos serve de moradia, mas também aos círculos de outros mundos...
Sorriu e acrescentou:
— Não devemos esquecer, porém, que a maioria efetua semelhantes excursões somente na qualidade de viajores, em processo estimulante do esforço pessoal, à maneira de jovens estudantes de passagem rápidas pelos institutos técnicos e administrativos das grandes nações. Raros são ainda os filhos do Planeta em condições de representá-lo dignamente noutros orbes e círculos de vida do nosso sistema.
Não me deixei impressionar e prossegui perguntando:
— Asclépios, todavia, não mais reencarnará na Crosta?
O instrutor gesticulou, significativamente, e esclareceu:
— Poderá reencarnar em missão de grande benemerência, se quiser, mas a intervalos de cinco a oito séculos entre as reencarnações.
— Oh! Deus — exclamei — como é grandioso semelhante estado de elevação!
— Constitui sagrado estimulo para todos nós — ajuntou o mentor atenciosamente.
— Devemos acreditar — interroguei, admirado
— Seja esse o mais alto grau de desenvolvimento espiritual no Universo?
O diretor da casa sorriu compassivo, em face de minha ingenuidade e considerou:
— De modo algum. Asclépios relaciona-se entre abnegados mentores da Humanidade Terrestre, partilha da soberana elevação da coletividade a que pertence, mas, efetivamente, é ainda entidade do nosso Planeta, funcionando, embora, em círculos mais altos de vida.
Compete-nos peregrinar muito tempo, no campo evolutivo, para lhe atingirmos as pegadas; no entanto, acreditamos que o nosso visitante sublime suspira por integrar-se no quadro de representantes do nosso orbe, junto às gloriosas comunidades que habitam, por exemplo, Júpiter e Saturno. Os componentes dessas, por sua vez, esperam ansiosos o instante de serem convocados às divinas assembléias que regem o nosso sistema solar.
Entre essas últimas, estão os que aguardam, cuidadosos e vigilantes, o minuto em que serão chamados a colaborar com os que sustentam a constelação de Hércules, a cuja família pertencemos. Os que orientam nosso grupo de estrelas aspiram, naturalmente, a formar, um dia, na coroa de gênios celestiais que amparam a vida e dirigem-na, no sistema galáctico em que nos movimentamos. E sabe meu amigo que a nossa Via-Láctea. Viveiro e fonte de milhões de mundos é somente um detalhe da Criação Divina, uma nesga do Universo!...
As noções de infinito encerraram a reunião encantadora no Santuário da Bênção. Cornélio estendeu-nos a mão, almejando-nos felicidade e paz, e despedimo-nos, sob enorme impressão, entre a saudade e o reconhecimento.
Médium - Francisco Cândido Xavier Livro -
André Luiz
"Obreiros da Vida Eterna
Cap. O SUBLIME VISITANTE
CARLOS EDUARDO CENNERELLI

A segunda morte – perda do veículo perispiritual
De volta ao domicilio de Gregório, fomos trans­feridos da cela trevosa para um aposento de janelas gradeadas, onde tudo desagradava à vista. Certo, devíamos a mudança ao resultado encorajador que alcançáramos nas operações seletivas, mas, em ver­dade, ainda aí, nos achávamos em autêntico par­dieiro. De qualquer modo, era para nós imenso consolo contemplar algumas estrelas, através do nevoeiro que assaltava a paisagem noturna.
O Instrutor, versado em expedições idênticas à nossa, recomendou-os não tocar os varões de metal que nos impediam a retirada, esclarecendo se acha­vam imantados por forças elétricas de vigilância e acentuando que a nossa condição ainda era de simples prisioneiros.
Aproximamo-nos, porém, das janelas que nos comunicavam com o exterior e reparei que o espe­táculo era digno de estudo.
Grande movimento na via pública, congre­gando vários grupos de criaturas, em conversação não longe de nós.
Os diálogos e entendimentos surpreendiam. Quase todos se referiam à esfera carnal.
Questões minuciosas e pequeninas da vida par­ticular eram analisadas com inequívoco interesse; contudo, as notas dominantes caíam no desequilí­brio sentimental e nas emoções primárias da expe­riência física.
Percebi diferentes expressões nos “halos vibratórios” que revestiam a personalidade dos con­versadores, através das cores de variação típica.
Dirigi-me a Gúbio, buscando-lhe oportuno es­clarecimento.
— Não mediste, ainda — respondeu, prestimoso — a extensão do intercâmbio entre encarna­dos e desencarnados. A determinadas horas da noite, três quartas partes da população de cada um dos hemisférios da Crosta Terrestre se acham nas zonas de contacto conosco e a maior percentagem desses semi-libertos do corpo, pela influência na­tural do sono, permanecem detidos nos círculos de baixa vibração qual este em que nos movimenta­mos provisoriamente. Por aqui, muitas vezes se forjam dolorosos dramas que se desenrolam nos campos da carne. Grandes crimes têm nestes sítios as respectivas nascentes e, não fosse o trabalho ativo e constante dos Espíritos protetores que se desvelam pelos homens no labor sacrificial da cari­dade oculta e da educação perseverante, sob a égide do Cristo, acontecimentos mais trágicos estar­receriam as criaturas.
De alma voltada para as noções da vida imensa que o ambiente sugeria, rememorei o curso inces­sante das civilizações. Pensamentos mais altos cla­rearam-me os raciocínios. A Bondade do Senhor não violenta o coração. O Reino Divino nascerá dentro dele e, à maneira da semente de mostarda que se liberta dos envoltórios inferiores, medrará e crescerá gradativamente, sob os impulsos constru­tivos do próprio homem.
Que temerária concepção a de um paraíso fácil!
Gúbio percebeu-me a posição mental e falou em socorro de minhas pobres reflexões intimas:
— Sim, André, a coroa da sabedoria e do amor é conquistada por evolução, por esforço, por asso­ciação da criatura aos propósitos do Criador. A marcha da Civilização é lenta e dolorosa. Formi­dandos atritos se fazem indispensáveis para que o espírito consiga desenvolver a luz que lhe é própria. O homem encarnado vive simultaneamente em três planos diversos. Assim como ocorre à árvore que se radica no solo, guarda ele raizes transitórias na vida física; estende os galhos dos sentimentos e desejos nos círculos de matéria mais leve, quanto o vegetal se alonga no ar; e é sustentado pelos princípios sutis da mente, tanto quanto a árvore é garantida pela própria seiva. Na árvore, temos raiz, copa e seiva por três processos diferentes de manutenção para a mesma vida e. no homem, vemos corpo denso de carne, organização perispirítica em tipo de matéria mais rarefeita e mente, represen­tando três expressões distintas de base vital, com vistas aos mesmos fins.
Segundo observamos, o homem exige para sustentar-se, no quadro evolu­cionário, segurança relativa no campo biológico, alimento das emoções que lhe são próprias nas esferas de vida psíquica que se afinam com ele e base mental no mundo íntimo. A vida é patrimônio de todos, mas a direção pertence a cada um. A inteligência caída precipita-se, despenhadeiro abai­xo, encontrando sempre, nos círculos inferiores que elege por moradia, milhões de vidas inferiores, jun­to às quais é aproveitada pela Sabedoria Celestial para maior glorificação da obra divina. Na eco­nomia do Senhor, coisa alguma se perde e todos os recursos são utilizados na química do Infinito Bem. Aqui mesmo, nesta cidade, tínhamos, a princípio, autêntico império de vidas primitivas que, pouco a pouco, se fêz ocupado por extensas coletividades de almas vaidosas e cruéis. Entrincheiraram-se nestes sítios, guardando o louco propósito de hos­tilizar a Bondade Excelsa, e exercem funções úteis junto a enorme agrupamento de criaturas, ainda sub-humanas, não obstante atenderem a serviço que para nós outros seria presentemente insupor­tável. Usam a violência em largas doses, todavia, no curso dos anos, a influenciação intelectual delas trará grandes benefícios aos oprimidos de agora e estejamos convictos de que, apesar de blasonarem inteligência e poder, permanecerão nos postos que ocupam apenas enquanto perdurar o consentimento da Divina Direção, atento ao princípio que deter­mina tenha cada assembléia o governo que merece.
O Instrutor confiou-Se a pausa mais longa e concentrei minha atenção numa dupla feminina que conversava rente à grade.
Certa mulher já desencarnada dizia para a companheira, ainda presa à experiência física, parcialmente liberta nas asas do sono:
— Notamos que você, ultimamente, anda mais fraca, mais serviçal... Estará desencantada, quanto aos compromissos assumidos?
A interpelada explicou um tanto confundida:
— Acontece que João se filiou a um círculo de preces, o que, de alguma sorte, nos vem alterando a vida.
A outra deu um salto à retaguarda, ao modo de um animal surpreendido e gritou:
— Orações? Você está cega quanto ao perigo que isso significa? Quem reza cai na mansidão. É necessário espezinhá-lo, torturá-lo, feri-lo, a fim de que a revolta o mantenha em nosso círculo. Se ganhar piedade, estragar-nos-á o plano, deixando de ser nosso instrumento na fábrica.
A interlocutora, no entanto, observou ingênua:
— Ele se diz mais calmo, mais confiante...
— Marina — obtemperou a outra, intempes­tiva —, você sabe que não podemos fazer milagres e não é justo aceitar regras e intrujices de espíri­tos acovardados que, a pretexto de fé religiosa, se arvoram em ditadores de salvação. Precisamos de seu marido e de muitas outras pessoas que a ele se agregam em serviço e em nosso nível, O projeto é enorme e interessante para nós. Já esqueceu quanto sofremos? Eu, de mim mesma, tenho duras lições por retribuir.
E batendo-lhe esquisitamente nos ombros, acen­tuava:
Não admita encantamentos espirituais. A realidade é nossa e cabe-nos aproveitar o ensejo, integralmente. Volte para o corpo e não ceda um milímetro. Corra com os apóstolos improvisados. Fazem-nos mal. Prenda João, controlando-lhe O tempo. Desenvolva serviço eficiente e não o liberte. Fira-o devagarinho. O desespero dele chegará, por fim, e, com as forças da insubmissão que forem exteriorizadas em nosso favor, alcançaremos os fins a que nos propomos. Nada de transigência. Não se atemorize com promessas de inferno ou céu depois da morte. Em toda parte a vida é aquilo que faze­mos dela.
Boquiaberto com o que me era dado perceber, reparei que a entidade astuta e vingativa envolvia a interlocutora em fluidos sombrios, à maneira dos Hipnotizadores Comuns.
Enderecei olhar interrogativo ao nosso orien­tador que, após haver atenciosamente acompanhado a cena, informou prestimoso:
— A obsessão desse teor apresenta milhões de casos. De manhãzinha, na Esfera da Crosta, essa pobre mulher, vacilante na fé, incapaz de apreciar a felicidade que o Senhor lhe concedeu num casa­mento digno e tranquilo, despertará no corpo, de alma desconfiada e abatida. Oscilando entre o “crer” e o “não crer” não saberá polarizar a mente na confiança com que deve enfrentar as dificuldades do caminho e aguardar as manifestações santifican­tes do Alto e, em face da incerteza intima, em que se lhe caracterizam as atitudes, demorar-se-á iman­tada a essa irmã ignorante e infeliz, que a perse­gue e subjuga para conseguir deplorável vingança. Converter-se-á, por isso, em objeto de acentuada aflição para o esposo e suas conquistas incipientes periclitarão.
— Como se libertaria de semelhante inimiga? — perguntou Elói, interessado.
— Mantendo-Se num padrão de firmeza supe­rior, com suficiente disposição para o bem. Com esse esforço, nobre e contínuo, melhoraria inten­sivamente os seus princípios mentais, afeiçoando-os ás fontes sublimes da vida e, ao invés de conver­ter-se em material absorvente das irradiações en­fermiças e depressivas, passaria a emitir raios transformadores e construtivos, em beneficio de si mesma e das entidades que se lhe aproximam do caminho. Em todos os quadros do Universo, somos satélites uns dos outros, Os mais fortes arrastam os mais fracos, entendendo-se, porém, que o mais frágil de hoje pode ser a potência mais alta de amanhã, conforme nosso aproveitamento individual. Expedimos raios magnéticos e recebemo-los ao mes­mo tempo. É imperioso reconhecer, todavia, que aqueles que se acham sob o controle de energias cegas, acomodando-se aos golpes e sugestões da força tirânica, emitidos pelas inteligências per­versas que os assediam, demoram-se, longo tempo, na condição de aparelhos receptores da desordem psíquica. Muito difícil reajustar alguém que não deseja reajustar-se. A ignorância e a rebeldia são efetivamente a matriz de sufocantes males.
Ante o intervalo espontâneo, reparei, não longe de nós, como que ligadas às personalidades sob nosso exame, certas formas indecisas, obscuras. Semelhavam-se a pequenas esferas ovóides, cada uma das quais pouco maior que um crânio humano. Variavam profusamente nas particularidades. Al­gumas denunciavam movimento próprio, ao jeito de grandes amebas, respirando naquele clima espi­ritual; outras, contudo, pareciam em repouso, apa­rentemente inertes, ligadas ao halo vital das per­sonalidades em movimento.
Fixei, demoradamente, o quadro, com a per­quirição do laboratorista diante de formas desco­nhecidas.
Grande número de entidades em desfile nas vizinhanças da grade, transportavam essas esferas vivas, como que imantadas às irradiações que lhes eram próprias.
Nunca havia observado, antes, tal fenômeno.
Em nossa colônia de residência, ainda mesmo em se tratando de criaturas perturbadas e sofredoras, o campo de emanações era sempre normal. E quando em serviço, ao lado de almas em desequi­líbrio, na Esfera da Crosta, nunca vira aquela irregularidade, pelo menos quanto me fora, até ali, permitido observar.
Inquieto, recorri ao Instrutor, rogando-lhe ajuda.
— André — respondeu ele, circunspecto, evi­denciando a gravidade do assunto — Compreendo-te o espanto. Vê-se, de pronto, que és novo em serviços de auxílio. Já ouviste falar, de certo, numa “segunda morte”
— Sim — acentuei —, tenho acompanhado vá­rios amigos à tarefa reencarnacionista, quando, atraídos por imperativos de evolução e redenção, tornam ao corpo de carne. De outras vezes, raras aliás, tive notícias de amigos que perderam o veículo perispiritual (1), conquistando planos mais altos. A esses missionários, distinguidos por eleva­dos títulos na vida superior, não me foi possível seguir de perto.
Gúbio sorriu e considerou:
— Sabes, assim, que o vaso perispirítico é também transformável e perecível, embora estruturado em tipo de matéria mais rarefeita.
— Sim... — acrescentei reticencioso, em mi­nha sede de saber.
— Viste companheiros — prosseguiu o orien­tador —, que se desfizeram dele, rumo a esferas sublimes, cuja grandeza por enquanto não nos é dado sondar, e observaste irmãos que se submeteram a operações redutivas e desintegradoras dos elementos perispiríticos para renascerem na carne terrestre. Os primeiros são servidores enobrecidos e gloriosos, no dever bem cumprido, enquanto que os segundos são colegas nossos, que já merecem a reencarnação trabalhada por valores intercessores, mas, tanto quanto ocorre aos companheiros respei­táveis desses dois tipos, os ignorantes e os maus, os transviados e os criminosos também perdem, um dia, a forma perispiritual.
Pela densidade da mente, saturada de impulsos inferiores, não conseguem elevar-se e gravitam em derredor das pai­xões absorventes que por muitos anos elegeram em centro de interesses fundamentais. Grande número, nessas circunstâncias mormente os participantes de condenáveis delitos, imantam-se aos que se lhes associaram nos crimes. Se o discípulo de Jesus se mantém ligado a Ele, através de imponderáveis fios de amor, inspiração e reconhecimento, os pu­pilos do ódio e da perversidade se demoram unidos, sob a orientação das inteligências que os entrela­çam na rede do mal. Enriquecer a mente de co­nhecimentos novos, aperfeiçoar-lhe as faculdades de expressão, purificá-la nas correntes iluminativas do bem e engrandecê-la com a incorporação definitiva de princípios nobres é desenvolver nosso corpo glorioso, na expressão do apóstolo Paulo, es­truturando-o em matéria sublimada e divina. Essa matéria, André, é o tipo de veículo a que aspiramos, ao nos referirmos à vida que nos é superior. Esta­mos ainda presos às aglutinações celulares dos ele­mentos físio-perispiríticos, tanto quanto a tartaru­ga permanece algemada à carapaça. Imergimo-nos dentro dos fluidos carnais e deles nos libertamos, em vicioso vaivém, através de existências nume­rosas, até que acordemos a vida mental para ex­pressões santificadoras. Somos quais arbustos do solo planetário. Nossas raízes emocionais se mer­gulham mais ou menos profundamente nos círculos da animalidade primitiva. Vem a foice da morte e sega-nos os ramos dos desejos terrenos; todavia, nossos vínculos guardam extrema vitalidade nas camadas inferiores e renascemos entre aqueles mes­mos que se converteram em nossos associados de longas eras, através de lutas vividas em comum, e aos quais nos agrilhoamos pela comunhão de in­teresses da linha evolutiva em que nos encontramos.
As elucidações eram belas e novas aos meus ouvidos, e, em razão disso, calei as interrogações que me vagueavam no íntimo, para atenciosamente registrar as considerações do Instrutor, que pros­seguiu:
— A vida física é puro estágio educativo, den­tro da eternidade, e a ela ninguém é chamado a fim de candidatar-se a paraísos de favor e, sim, à moldagem viva do céu no santuário do Espírito, pelo máximo aproveitamento das oportunidades re­cebidas no aprimoramento de nossos valores men­tais, com o desabrochar e evolver das sementes di­vinas que trazemos conosco. O trabalho incessante para o bem, a elevação de motivos na experiência transitória, a disciplina dos impulsos pessoais, com amplo curso às manifestações mais nobres do sen­timento, o esforço perseverante no infinito bem, constituem as vias de crescimento mental, com aquisição de luz para a vida imperecível. Cada criatura nasce na Crosta da Terra para enrique­cer-se através do serviço à coletividade. Sacrifi­car-se é superar-se, conquistando a vida maior. Por isto mesmo, o Cristo asseverou que o maior no Reino Celeste é aquele que se converter em servo de todos. Um homem poderá ser temido e respeitado no Planeta pelos títulos que adquiriu à convenção humana, mas se não progrediu no domínio das idéias, melhorando-se e aperfeiçoando-se, guarda consigo mente estreita e enfermiça. Em suma, ir à matéria física e dela regressar ao campo de trabalho em que nos achamos presentemente, é sub­metermo-nos a profundos choques biológicos, des­tinados à expansão dos elementos divinos que nos integrarão, um dia, a forma gloriosa.
E porque me visse na atitude do aprendiz que interroga em silêncio, Gúbio asseverou:
— Para fazer-me mais claro, voltemos ao sím­bolo da árvore, O vaso físico é o vegetal, limitado no espaço e no tempo, o corpo perispirítico é o fruto que consubstancia o resultado das variadas operações da árvore, depois de certo período de maturação, e a matéria mental é a semente que representa o substrato da árvore e do fruto, con­densando-lhes as experiências. A criatura para ad­quirir sabedoria e amor renasce inúmeras vezes, no campo fisiológico, à maneira da semente que re­gressa ao chão. E quantos se complicam, delibera­damente, afastando-se do caminho reto na direção de zonas irregulares em que recolhem experimentos doentios, atrasam, como é natural, a própria mar­cha, perdendo longo tempo para se afastarem do terreno resvaladiço a que se relegaram, ligados a grupos infelizes de companheiros que, em compa­nhia deles, se extraviaram através de graves com­promissos com a leviandade ou com o desequilíbrio. Compreendeste, agora?
Apesar da gentileza do orientador, que fazia o possível por clarear o seu pensamento, ousei indagar:
— E se consultarmos esses esferóides vivos? Ouvir-nos-ão? Possuem capacidade de sintonia?
Gúbio atendeu solícito:
— Perfeitamente, compreendendo-se, porém, que a maioria das criaturas, em semelhante posição nos sítios inferiores quanto este, dormitam em es­tranhos pesadelos. Registram-nos os apelos, mas respondem-nos, de modo vago, dentro da nova for­ma em que se segregam, incapazes que são, provi­soriamente, de se exteriorizarem de maneira com­pleta, sem os veículos mais densos que perderam, com agravo de responsabilidade, na inércia ou na prática do mal. Em verdade, agora se categorizam em conta de fetos ou amebas mentais, mobilizáveis, contudo, por entidades perversas ou rebeladas. O caminho de semelhantes companheiros é a reencar­nação na Crosta da Terra ou em setores outros de vida congênere, qual ocorre à semente destinada à cova escura para trabalhos de produção, seleção e aprimoramento. Claro que os Espíritos em evo­lução natural não assinalam fenômenos dolorosos em qualquer período de transição, como o que examinamos. A ovelha que prossegue, firme, na senda justa, contará sempre com os benefícios de­correntes das diretrizes do pastor; no entanto, as que se desviam, fugindo à jornada razoável, pelo simples gosto de se entregarem à aventura, nem sempre encontrarão surpresas agradáveis ou cons­trutivas.
O orientador silenciou por momentos e per­guntou, em seguida:
— Entendeste a importância de uma existência terrestre?
Sim, entendia, por experiência própria, o valor da vida corporal na Crosta Planetária; contudo, ali, diante dos esferóides vivos, tristes mentes humanas sem apetrechos de manifestação, meu respeito ao veículo de carne cresceu de modo espantoso. Al­cancei, então, com mais propriedade, o sublime conteúdo das palavras do Cristo: “andai, enquanto tendes luz”. O assunto era fascinante e tentei Gúbio a examiná-lo, mais detidamente; todavia, o orientador, sem trair a cortesia que lhe é carac­terística, recomendou-me esperasse o dia seguinte.
(1)    O perispírito, mais tarde, será objeto de mais amplos estudos das escolas espiritistas cristãs. — Nota do Autor espiritual. Do livro “Libertação”. Espírito André Luiz. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
CARLOS EDUARDO CENNERELLI
Cap. 6 Observações e novidades
Do livro “Libertação”. Espírito André Luiz. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.