terça-feira, 3 de maio de 2011

ORIENTAÇÃO RELIGIOSA NA FAMÍLIA

Como elemento fundamental na educação, a orientação religiosa à família torna-se inadiável.
Cada vez mais se constatam os resultados benéficos da formação religiosa do indivíduo, especialmente quando des­pojada dos dogmas impositivos, das castrações puritanas, das exigências descabidas, das tintas do fanatismo de qual­quer espécie.
O indivíduo que tem formação religiosa possui muito mais resistência em relação aos enfrentamentos morais, orgâ­nicos, emocionais do que aquele que não a tem.
Neurocientistas e estudiosos do comportamento vêm constatando a excelência da fé religiosa no ser humano e conseguindo confirmá-la através de exames realizados com equipamentos ultra-sensíveis, quais as tomografias compu­tadorizadas com emissão de pósitrons, que registram as al­terações dos ramos neurais do cérebro.
Quando se possui confiança em qualquer elemento, o cérebro envia mensagens propiciatórias à finalidade da crença, como ocorre nas terapêuticas através do uso de pla­cebos ou nos fenômenos mais inquietantes ainda na área dos nocebos...
Aquele que acredita em algo, especialmente de nature­za transcendental, afetiva, religiosa, melhor conduz-se du­rante ocorrências difíceis, na saúde ou nos relacionamentos, do que aqueles que não têm apoio para firmar-se na espe­rança, sendo facilmente destroçados pela amargura e pela desconfiança.
Cardiologistas cuidadosos afirmam, por exemplo, que o paciente que tem uma religião, melhora mais facilmente de enfarte do miocárdio em relação àquele que não a tem.
A fé em Deus encontra-se inata no espírito, que d’Ele procede, sendo a sua religião o resultado de fatores educati­vos no lar, psicossociais, defluentes das relações de interes­ses de vária ordem. Mas é sempre necessária, em face das alternâncias de humor e de saúde, durante a jornada carnal, que é sempre instável.
Essa orientação religiosa pertence aos pais que, desde cedo, deverão falar aos seus rebentos sobre a Paternidade Divina, a sua misericórdia e amor, como fonte geradora de tudo quanto existe. De acordo com a linguagem apro­priada e a capacidade intelectual dos genitores, o processo torna-se fácil e enternecedor. Sem necessidade de recor­rer a mitologias ou fantasias exageradas, a conversação natural, edificante, explicando o significado da existência humana e os objetivos pelos quais todos se encontram na Terra, na condição de mãe generosa que é, irá auxiliar o desenvolvimento intelectual do educando, proporcionar­-lhe segurança emocional, confiança em si mesmo e a cer­teza de que estará sempre sob a proteção de Deus.
Como é natural, os pais irão transmitir a doutrina reli­giosa à qual estão vinculados, apresentando o seu lado ético e nobre, as suas propostas libertadoras e gentis, evitando sempre apresentar os mistérios incompatíveis com a lógica e a razão, as arbitrárias punições divinas, as ameaças cruéis em relação àqueles que procedem mal, oferecendo a reflexão em torno da alegria que se deriva da fé, da esperança de feli­cidade, como resultado das incomparáveis contribuições do amor inefável de Deus.
A criança absorverá o aprendizado, que deverá ser acompanhado pela real vivência dos ensinamentos por parte dos educadores, que demonstrarão quão valiosa é a crença, particularmente nos momentos de dificuldades, nas horas de sofrimento, que serão diminuídos pelo efeito da medica­ção religiosa.
Argumentam alguns educadores materialistas que se deve deixar a criança, nessa área, sem mensagens dessa na­tureza, a fim de que, mais tarde, quando adquiram o dis­cernimento elejam aquela que lhes pareça mais apropriada. Trata-se de lamentável sofisma, porque essa não é a conduta a respeito da alimentação, da saúde, da educação... Cons­cientes das responsabilidades em relação aos filhos, aos pais cumpre o dever de orientá-los em todos os misteres, sem dú­vida, também na área religiosa, com a mesma naturalidade com que oferecem outras diretrizes educativas.
Quando, porém, a criança adquirir o discernimento referido, terá alguns elementos para comparar com os que vai tomando conhecimento e melhor poderá eleger aquela conduta que lhe pareça mais compatível com as suas neces­sidades emocionais e intelectuais.
À medida que o comportamento religioso tem sido ce­diço e favorável ao profano, ao vulgar e promíscuo, mais au­menta o número de crianças e adolescentes portadores de distúrbios psicológicos, mais cresce a estatística de suicídios, de drogadição, por falta de um futuro promissor, na sua nu­blada visão, quando algo de desagradável lhes acontece, não tendo qualquer meta de segurança à frente.
Considerando a vida somente física, ou tendo a religião apenas como suporte teórico, a existência perde o signifi­cado profundo que advém do sentido da imortalidade, tor­nando-se supérfluos qualquer esforço ético, qualquer proce­dimento moral, quando, logo mais, tudo se interrompe em definitivo.
A orientação religiosa desperta o ser para mais gran­diosas realizações, sustentando-lhe o ânimo nos momentos de desafio, dando brilho e cor aos dias nebulosos e cinzentos do desencanto.
A religião no lar estrutura-se essencialmente nas con­versações de todo momento, nos estudos reservados, pelo menos, uma vez por semana, para a reunião da família, nos diálogos de emergência, quando sucedam acontecimentos deploráveis, enfim, no dia-a-dia.
A igreja ou assembléia que os pais freqüentem dará prosseguimento à orientação de maneira mais profunda e es­pecializada, porquanto essa é a sua finalidade primordial.
Será sempre no lar, porém, onde se caldeiam os senti­mentos e se delineiam as programações para o futuro, que a orientação religiosa deve ser iniciada.
Oferecer ao educando a música espiritual da prece, o respeito à Divindade, a obediência às suas Leis refletidas em todas as coisas, a começar por si mesmo, alongando-se pelo próximo, pela Natureza, constitui uma valiosa contribuição para o desempenho dos deveres e para a vivência saudável em todos os cometimentos do presente como do futuro.
O hábito da oração, o que equivale dizer, a constância dos pensamentos elevados e construtivos, as conversações edificantes e as práticas das ações saudáveis, constituem todo um roteiro de religiosidade que não deve ser deixado à margem, sob qualquer alegação, sempre insustentável...
Quando o lar tem alicerces religiosos equilibrados, sem os fanatismos perturbantes nem o puritanismo hipócrita, suas estruturas gerais comportam todas as agressões e tor­mentas, conforme Jesus informou em torno da casa cons­truída na rocha da fé, que suporta os ventos devastadores, permanecendo de pé.
Existe sempre o perigo, é certo, de derrapar-se na ado­ção de religiões agressivas e fanáticas, o que não justifica evitar-se a orientação espiritual.
Da mesma forma, há o fanatismo da não-crença, da vulgaridade e da corrupção, que grassa voluptuoso devoran­do vidas incontáveis.
A presença de Deus na mente e no coração infantil, ju­venil, adulto e no último estágio.do corpo físico, é sempre uma bússola apontando o porto de segurança e de paz, que será alcançado oportunamente.


Constelação Família – Divaldo/Joanna de Angelis- cap. 22

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